Oi, ok, eu sei, é clichê! Mas como um bom amante dos clichês da vida eu preciso vir aqui conversar com você sobre isso. Sim, a vida é constituída de ciclos, e, por mais marcantes que eles sejam, alguns, precisam se fechar. Mas antes de chegar ao ponto chave desse texto, que tal a gente conversar um pouco sobre a vida? Você já deve ter visto em muitos lugares, sobre como você deve ser, como você deve se vestir, como deve designar suas energias para tais caminhos, entre outros, é normal, o mundo nos impulsiona para isso. Mas, será mesmo que devemos seguir por todos os caminhos que aparecem? 

    Falar de ciclos, ou melhor, falar da vida, é falar de idas e vindas, de chegadas e partidas, afetos e desafetos, entre uma infinidade de coisas que fazem com que a vida seja assim, às vezes bela, às vezes difícil, mas principalmente, humana. Quando falo humana, dou a ela todos as formas de sentimentos e versões das quais podemos tê-la como nossa. 

    A vida em si já uma incógnita que acredito que nem mesmos os melhores pensadores, matemáticos, religiosos, cientistas, conseguirão explicar. Quando começa? Por que termina? Qual o propósito? Qual a finalidade de nascermos nesse tempo e não em outro? São muitas questões das quais nos deparamos com o decorrer da nossa curta jornada aqui na terra. Claro que existem milhares de explicações para algumas coisas, por exemplo, para ciência existe uma causa orgânica para o final da vida, para religião existe uma significado maior, onde a finitude seria apenas o começo da vida. Mas, onde quero chegar com isso? Acho que em breve consigo me fazer compreensível. 

    A vida, ao meu ver, é um grande processo, no qual, durante nossa estadia vamos vivenciando outros processos menores, começando e terminando-os a todos os momentos. Como um grande círculo, mas que dentro dele vamos fazendo outros círculos menores, espero realmente que isso esteja passível de entendimento, pois consigo imaginar perfeitamente na minha mente como seria, mas jamais seria capaz de colocar na tela desse computador por onde escrevo, pois minhas habilidades manuais são péssimas, então, não seria capaz de desenhar para vocês. 

    O que quero dizer é: dentro desse grande processo do qual somos inseridos, somos obrigados a escolher novos processos para viver, às vezes até forçados a iniciar alguns, e, muitas vezes precisamos fechar esses pequenos processos que abrimos. Por exemplo, como citei acima, minhas habilidades manuais são péssimas, logo, meu pequeno ciclo como desenhista se fechou muito cedo, pois nem uma linha reta consigo fazer. No entanto, outros ciclos incríveis se abriram e os mantenho assim até hoje, como o do leitor, do jogador de vídeo game (não muito bom nesse), do estudante, do amante de filmes de amorzinho, do amante da música, do escritor, do defensor dos animais, do cientista, entre incontáveis outros dos quais fiz questão de abrir no decorrer dos meus quase vinte e um anos.

    Hoje, com a maturidade que adquiri no decorrer das drásticas mudanças que a vida nos impõe, consigo compreender uma coisa, e, é sobre exatamente isso que quero falar com você que me lê, sobre saber quando fechar um ciclo. Quase nunca é fácil, quase nunca é divertido, mas quem disse que seria? Quem teve a audácia de dizer que viver é simples? Que viver não machuca? Que viver são apenas flores e momentos felizes? Se alguém, alguma vez já lhe fez parecer isso, por favor, diga a ela que talvez esteja equivocada em alguns conceitos. 

    Fechar ciclos, muitas vezes, significa abrir mão de algo que um dia já lhe foi muito bom, mas que hoje, simplesmente não lhe traz mas o aconchego de antes, significa abrir mão de algo que você possa ter lutado MUITO para conseguir, significa abrir mão de locais, pessoas, momentos que estão por vir, significa colocar um ponto final. Mas, colocar pontos finais são sempre muito difíceis, a gramática que me perdoe, mas eu amo a vírgula, pois, ela me traz a sensação de que vem algo depois, ou até mesmo a reticências, mas o ponto final... O ponto final às vezes dói. 

    Apesar de doer, é necessário, ciclos são feitos para que em algum momento sejam fechados, pois depois de um tempo o grande ciclo da vida se fechará e com ele todos os outros que abrimos durante nosso tempo aqui também se fecharão. Colocar um ponto final é necessário, para que possamos, muitas vezes, virar a página, começar um novo parágrafo da nossa vida ou simplesmente deixar que faltem palavras para preencher a folha em branco e esperar para o que vem em seguida. 

    Está tudo bem fazer isso, ok? Está tudo bem em colocar um ponto final mesmo sem saber o que vai ser escrito na próxima frase, está tudo bem fechar um ciclo sem saber quando abrirá o próximo, está tudo bem se sentir um pouco perdido. O tempo cura tudo, disso eu posso lhes garantir, não há remédio melhor que esse. Nenhuma ferida fecha do dia pra noite, leva tempo, requer um processo, requer um novo ciclo, um ciclo de cura. Tudo bem se sentir sem saber o que fazer em seguida, seja lá qual for sua idade, meio social, trabalho. Tudo bem fechar um ciclo e se sentir mal por isso, mas, principalmente, tudo bem fechar um ciclo e se sentir contente com sua decisão. Demonstra maturidade, demonstra que você soube dar para aquele processo que você viveu a devida energia, a devida atenção e a devida importância. 

    Por mais que seja colocado na nossa cabeça que parar é algo ruim, pois precisamos sempre estar em um movimento acelerado para conseguir aquilo que muitos aspiram, é bom fazer isso. Entre o fechamento de um ciclo e abertura de outro às vezes requer um tempo, requer um novo processo, requer um novo ciclo. Um ciclo de autoconhecimento, de resiliência, de restauração. 

    Precisamos aprender a colocar mais pontos finais, menos vírgulas e reticencias e principalmente o momento certo de abrir um ciclo de cura. 

    Esse texto é para você que não entendeu como a vida muitas vezes funciona, mas principalmente para mim, quem vos escreve. 

    Esse é o momento de abrir um novo ciclo. Um ciclo de regeneração. Um ciclo de cura. 


            Christian Fernandes


0 Comentários