Mais uma voz silenciada,

mais uma mãe sem filho,
mais uma avó sem o seu neto favorito,
mais um amigo sem a sua pessoa preferida no mundo.
Mais um que virou estatística,
mais um que não suportou tamanha dor,
mais um que em um ato de desespero, se foi.
Era filho de Maria,
era um bom filho, um bom amigo, era uma boa pessoa.
Mas cometeu um erro.
Cometeu um dos maiores erros pregados por aqueles que acham que governam a sociedade.
Cometeu o erro de amar,
cometeu o erro de amar seu igual,
cometeu o erro de querer ser feliz.
Cometeu o erro de querer ser livre.
Ele conseguiu o que sempre sonhou,
amou, foi livre e foi feliz;
mas, seu sonho não durou muito tempo.
Um dedo apontado para sua face e as palavras lhe cortaram a alma.
"Bixinha",
"Aberração",
"Viado nojento",
"Você merece morrer",
"Prefiro ter um filho morto que um filho homossexual",
"Isso é falta de uma surra",
"Vira homem".
Aos poucos foram tirando dele a vontade de viver,
aos poucos foram levando dele sua liberdade, sua felicidade, seu amor.
Ele tinha 18 anos, era um garoto novo,
um garoto que não merecia conhecer o pior lado da humanidade tão cedo.
Seu amor por seu igual foi o que lhe sucumbiu,
a dor?
a dor era grande demais para o pobre menino suportar.
Ele chorou.
Chorou todas as noites pedindo para quem quer que fosse lhe mudar.
Chorou pedindo o consolo de alguém, mas ele estava sozinho.
O desespero foi tanto que tal dia segurou uma corda em meio a sala de sua casa, enrolou em seu pescoço e pediu para que Deus lhe esperasse quando se fosse.
Deixou uma bilhete dizendo: "Mamãe, perdão por partir, mas não consigo mais, minha carne já não suporta mais tamanha dor. Um dia a reencontrarei."
Depois de deixa o bilhete juntamente com uma flor em cima da mesa, subiu em uma cadeira, ajeitou a corda em seu pescoço,
deu seu suspiro final.
Olhou uma última vez para sua casa,
olhou uma última vez para sua vida.
Em seus pensamentos a dor iria embora com ele,
mas, pobre garoto.
Pobre garoto que teve seus sonhos interrompidos por culpa daqueles que não souberam amar.
Pobre garoto.
E pulou.
Pulou para morte na esperança de que toda a dor fosse embora.
Pulou para morte na esperança de que acordaria num mundo melhor, onde poderia amar.
Pulou para morte na esperança de que as pessoas não pediriam sua morte apenas por ser diferente. Pulou para morte.
Mais um.
Mais um dos que pulam para a morte todos os dias.
Mais um que se foi,
vítima do preconceito, vítima da sociedade.
Mais um assassinado pela homofobia. 

Não é segredo para ninguém os tempos sombrios que estamos voltando a viver, escrevi esse texto para apresentação de um trabalho da disciplina de "Psicologia Aplicada à Saúde", no qual o tema era: "O Suicídio de Jovens LGBT". Foi um texto extremamente difícil de ler e principalmente de interpretar. Se quiserem eu libero por aqui os slides com o conteúdo abordado no trabalho. Obrigado, e lembrem-se: RESISTAMOS!

         Christian Fernandes

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